Embora eu tenha ficado um pouco traumatizada com essa história toda de internação de emergência, hospital, enfermeiros me acordando de hora em hora...
Remédios, exames e injeções intermináveis...
Médicos, muitos médicos; residentes, as dezenas...
Troca de leito, sair da enfermaria seis - de primeiro atendimento, sobe pra enfermaria - oito de poli-traumatismos (não me pergunte por que)...
Área de isolamento... Leito em área comum... Conviver com pessoas de todos os tipos, afinal aquilo era o HPS... Falta de privacidade...
Psicóloga, diagnósticos, EQM...
Pra quem não conhece ainda a história dia 27.04.2008 dei entrada na emergência do HPS, por causa de uma suposta baixa na pressão e uma dor estranha no estômago...
Cheguei era 02h00min da manhã do dia 27 e saí 24 dias depois...
Minha pressão estava a 5x8, o que para alguém com o meu tamanho e o meu peso é quase que improvável que eu conseguisse parar de pé...
A dor não passava a pressão não subia... E me mandaram para uma bateria de exames que para mim pareceram infindáveis...
Às 06h00min da manhã o diagnóstico, uma inflamação no pâncreas...
Exames com alterações que os próprios médicos me perguntaram como eu ainda estava de pé...
E como se isso me consolasse me disseram que seu eu tivesse ficado em casa, eu poderia ter morrido...
A princípio devo confessar que eu nunca tinha me visto tão branca... Nunca senti tanta dor...
O diagnóstico final foi de uma pancreatite biliar aguda...
O que é isso? A Pancreatite aguda é uma condição resultante da inflamação aguda do pâncreas. A principal função do pâncreas é produzir enzimas digestivas, insulina e glucagon que regulam os níveis de açúcar de sangue.
Na Pancreatite, as enzimas pancreáticas que normalmente são lançadas nos intestinos delgados para ajudar na digestão são ativadas dentro do próprio pâncreas e começam a danificá-lo. Se a crise é grave ou prolongada, ou se ocorrem surtos de pancreatite aguda repetidamente, a lesão permanente do pâncreas pode acontecer e levar a uma condição chamada pancreatite crônica.
As duas causas mais comuns de pancreatite são os cálculos de vesícula biliar (meu caso!!!) e o etilismo (não bebo nada alcoólico). Como o canal pancreático, que leva enzimas digestivas do pâncreas para o intestino delgado é comum ao canal da bile, que vem da vesícula biliar e do fígado, os cálculos biliares que entupirem o canal pancreático impedem que as enzimas cheguem ao intestino, ficando acumuladas dentro do fígado e sendo, pois ativadas, corroendo o órgão por dentro.
Quadro Clínico
Os sintomas da pancreatite aguda incluem:
- Dor abdominal superior que pode ser de tolerável à lancinante, em faixa, na altura do estômago, tanto à direita como à esquerda; (foi tolerável no começo até se tornar insuportável, que foi qdo decidi ir ao hospital)
- Projeção da dor para as costas, tórax, flanco ou para baixo, (dói toda a região torácica, realmente)
- Piora da dor com a alimentação, principalmente gordurosos, (não consigo comer cookies desde então)
- Náuseas e vômitos, (sensação terrível!!! Mas passei por isso tb)
- Perda do apetite, (aham)
- Distensão abdominal (inchaço), (isso não percebi)
- Febre, (sim, mas não alta)
- Falta de ar, (alguns momentos deu mesmo)
- Cansaço, (incontrolável, diga-se)
- Hipotensão e Choque (pressão muito baixa impossibilitando o funcionamento dos órgãos).
Diagnóstico
A história clínica do paciente irá revelar o uso abusivo do álcool que, quando ausente, principalmente em mulheres, é fortemente sugestivo de calculose da vesícula biliar, confirmada pelo exame de Ultra-sonografia.
Os exames de sangue revelarão níveis elevados das enzimas pancreáticas, amilase e lípase confirmando o diagnóstico de pancreatite. A diminuição do cálcio no sangue é sinal de piora, assim como o aumento dos leucócitos, da glicose, da uréia e da creatinina. (isso tudo tava uma grande bagunça, pelo que entendi!!!)
Tratamento
Medidas Gerais:
Repouso no hospital (24 dias), jejum para “descansar” o pâncreas (20 dias a base de soro), reposição de líquidos por via endovenosa (soro, muito soro), passagem de uma sonda pelo nariz até o estômago para controlar os vômitos (não precisei passar por isso), nutrição parenteral (por uma veia grossa) pode ser necessária nos casos mais graves (fiquei em jejum absoluto, comida apenas 15 dias depois), remédios para proteger o estômago de úlceras de stress. Inclui os bloqueadores H2 (Cloridrato de ranitidina) e os Inibidores da bomba de próton (Omeprazol, Pantoprazol, Esomeprazol, etc) (muitos e todos intravenosos), antibióticos só são indicados nos casos graves e quando a causa é a calculose biliar pela freqüente presença de infecção da vesícula – colecistite. (tomei tb, dois tipos, um de 6 em 6 horas e outro de 8 em 8 horas).
A Cirurgia é indicada nas seguintes situações:
Tratamento definitivo dos cálculos de vesícula (colecistectomia) (meu caso).
http://www.policlin.com.br/drpoli/006/
Neste período todo no hospital, sentia falta de algumas coisas básicas na vida de qualquer ser humano, uma delas foi a liberdade de ir e vir, livre arbítrio...
Meus cachorros, minha cama e meus amigos (não necessáriamente nesta ordem)...
Sei lá foi um período difícil, muito difícil mesmo, em alguns momentos bate a solidão naquele lugar e te dá um vazio existencial louco...
No fim terminei viva essa empreitada... Desaconselho tudo isso até para meu pior inimigo...
Lembrei-me muito de uma citação judaica que se professa em funerais neste tempo todo, pode parecer mórbido, mas é bem verdadeira...
“Se um mensageiro vos abordasse para vos prometer o fim da morte, mas com a condição inseparável de o nascimento cessar também...
... nunca voltando a nascer nenhuma criança, nem haver mais jovens, ou um primeiro amor, nem novas pessoas com novas esperanças...
... duvidaríeis da resposta?”
Cada dia que passava dentro daquele hospital fazia com que eu não tivesse certeza de que poderia não ser a minha hora de ir para o outro lado do véu, mas se tivesse que ir, iria com a certeza de que o mundo estava se renovando...
Tive crises homéricas lá dentro... Tive altos e baixos no meu quadro clínico em que eu não tinha certeza de nada...
Remédios, exames e injeções intermináveis...
Médicos, muitos médicos; residentes, as dezenas...
Troca de leito, sair da enfermaria seis - de primeiro atendimento, sobe pra enfermaria - oito de poli-traumatismos (não me pergunte por que)...
Área de isolamento... Leito em área comum... Conviver com pessoas de todos os tipos, afinal aquilo era o HPS... Falta de privacidade...
Psicóloga, diagnósticos, EQM...
Pra quem não conhece ainda a história dia 27.04.2008 dei entrada na emergência do HPS, por causa de uma suposta baixa na pressão e uma dor estranha no estômago...
Cheguei era 02h00min da manhã do dia 27 e saí 24 dias depois...
Minha pressão estava a 5x8, o que para alguém com o meu tamanho e o meu peso é quase que improvável que eu conseguisse parar de pé...
A dor não passava a pressão não subia... E me mandaram para uma bateria de exames que para mim pareceram infindáveis...
Às 06h00min da manhã o diagnóstico, uma inflamação no pâncreas...
Exames com alterações que os próprios médicos me perguntaram como eu ainda estava de pé...
E como se isso me consolasse me disseram que seu eu tivesse ficado em casa, eu poderia ter morrido...
A princípio devo confessar que eu nunca tinha me visto tão branca... Nunca senti tanta dor...
O diagnóstico final foi de uma pancreatite biliar aguda...
O que é isso? A Pancreatite aguda é uma condição resultante da inflamação aguda do pâncreas. A principal função do pâncreas é produzir enzimas digestivas, insulina e glucagon que regulam os níveis de açúcar de sangue.
Na Pancreatite, as enzimas pancreáticas que normalmente são lançadas nos intestinos delgados para ajudar na digestão são ativadas dentro do próprio pâncreas e começam a danificá-lo. Se a crise é grave ou prolongada, ou se ocorrem surtos de pancreatite aguda repetidamente, a lesão permanente do pâncreas pode acontecer e levar a uma condição chamada pancreatite crônica.
As duas causas mais comuns de pancreatite são os cálculos de vesícula biliar (meu caso!!!) e o etilismo (não bebo nada alcoólico). Como o canal pancreático, que leva enzimas digestivas do pâncreas para o intestino delgado é comum ao canal da bile, que vem da vesícula biliar e do fígado, os cálculos biliares que entupirem o canal pancreático impedem que as enzimas cheguem ao intestino, ficando acumuladas dentro do fígado e sendo, pois ativadas, corroendo o órgão por dentro.
Quadro Clínico
Os sintomas da pancreatite aguda incluem:
- Dor abdominal superior que pode ser de tolerável à lancinante, em faixa, na altura do estômago, tanto à direita como à esquerda; (foi tolerável no começo até se tornar insuportável, que foi qdo decidi ir ao hospital)
- Projeção da dor para as costas, tórax, flanco ou para baixo, (dói toda a região torácica, realmente)
- Piora da dor com a alimentação, principalmente gordurosos, (não consigo comer cookies desde então)
- Náuseas e vômitos, (sensação terrível!!! Mas passei por isso tb)
- Perda do apetite, (aham)
- Distensão abdominal (inchaço), (isso não percebi)
- Febre, (sim, mas não alta)
- Falta de ar, (alguns momentos deu mesmo)
- Cansaço, (incontrolável, diga-se)
- Hipotensão e Choque (pressão muito baixa impossibilitando o funcionamento dos órgãos).
Diagnóstico
A história clínica do paciente irá revelar o uso abusivo do álcool que, quando ausente, principalmente em mulheres, é fortemente sugestivo de calculose da vesícula biliar, confirmada pelo exame de Ultra-sonografia.
Os exames de sangue revelarão níveis elevados das enzimas pancreáticas, amilase e lípase confirmando o diagnóstico de pancreatite. A diminuição do cálcio no sangue é sinal de piora, assim como o aumento dos leucócitos, da glicose, da uréia e da creatinina. (isso tudo tava uma grande bagunça, pelo que entendi!!!)
Tratamento
Medidas Gerais:
Repouso no hospital (24 dias), jejum para “descansar” o pâncreas (20 dias a base de soro), reposição de líquidos por via endovenosa (soro, muito soro), passagem de uma sonda pelo nariz até o estômago para controlar os vômitos (não precisei passar por isso), nutrição parenteral (por uma veia grossa) pode ser necessária nos casos mais graves (fiquei em jejum absoluto, comida apenas 15 dias depois), remédios para proteger o estômago de úlceras de stress. Inclui os bloqueadores H2 (Cloridrato de ranitidina) e os Inibidores da bomba de próton (Omeprazol, Pantoprazol, Esomeprazol, etc) (muitos e todos intravenosos), antibióticos só são indicados nos casos graves e quando a causa é a calculose biliar pela freqüente presença de infecção da vesícula – colecistite. (tomei tb, dois tipos, um de 6 em 6 horas e outro de 8 em 8 horas).
A Cirurgia é indicada nas seguintes situações:
Tratamento definitivo dos cálculos de vesícula (colecistectomia) (meu caso).
http://www.policlin.com.br/drpoli/006/
Neste período todo no hospital, sentia falta de algumas coisas básicas na vida de qualquer ser humano, uma delas foi a liberdade de ir e vir, livre arbítrio...
Meus cachorros, minha cama e meus amigos (não necessáriamente nesta ordem)...
Sei lá foi um período difícil, muito difícil mesmo, em alguns momentos bate a solidão naquele lugar e te dá um vazio existencial louco...
No fim terminei viva essa empreitada... Desaconselho tudo isso até para meu pior inimigo...
Lembrei-me muito de uma citação judaica que se professa em funerais neste tempo todo, pode parecer mórbido, mas é bem verdadeira...
“Se um mensageiro vos abordasse para vos prometer o fim da morte, mas com a condição inseparável de o nascimento cessar também...
... nunca voltando a nascer nenhuma criança, nem haver mais jovens, ou um primeiro amor, nem novas pessoas com novas esperanças...
... duvidaríeis da resposta?”
Cada dia que passava dentro daquele hospital fazia com que eu não tivesse certeza de que poderia não ser a minha hora de ir para o outro lado do véu, mas se tivesse que ir, iria com a certeza de que o mundo estava se renovando...
Tive crises homéricas lá dentro... Tive altos e baixos no meu quadro clínico em que eu não tinha certeza de nada...
Eu estava tentando parecer super forte para as pessoas que iam lá me ver, mas no fundo, bem no fundo eu tava “destruída” e amedrontada...
Pensei em muitas pessoas que queria que estivessem comigo o tempo todo naquele lugar...
Pensei nos planos que preciso ainda colocar em prática... Nos sonhos que preciso realizar...
Pensei na vida, pensei muito na minha vida...
Agora sei que isso tudo o que passei foi por força da EQM que falei...
By the way... A Vida é assim mesmo...
Tudo na vida tem um por que, só precisamos entender isso...
Pensei em muitas pessoas que queria que estivessem comigo o tempo todo naquele lugar...
Pensei nos planos que preciso ainda colocar em prática... Nos sonhos que preciso realizar...
Pensei na vida, pensei muito na minha vida...
Agora sei que isso tudo o que passei foi por força da EQM que falei...
By the way... A Vida é assim mesmo...
Tudo na vida tem um por que, só precisamos entender isso...
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